O presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo, lança no próxima sexta-feira, dia 27 de novembro, seu mais recente livro, Ideias e Rumos. O lançamento será às 19 horas no Hotel Elo, em frente a reitoria da UFPR. A obra é uma parceria entre a editora Anita Garibaldi e a Fundação Maurício Grabois.
Ideias e rumos reúne textos, intervenções políticas e discursos de Rabelo ao longo de seus quase oito anos como Presidente do PCdoB. O livro traz reflexões acerca da conjuntura política nacional e internacional nas últimas três décadas. Dividida em três partes – O Rumo, O Caminho e O Instrumento – a obra oferece avaliações teóricas sobre as diretrizes e a luta do partido pelo socialismo. O livro tem como maior trunfo reunir para os leitores os textos mais importantes escritos pela liderança do partido.
Como escreveu o presidente da Fundação, Adalberto Monteiro, no prefácio do livro, o conteúdo dessa obra comprova o trabalho que Renato Rabelo “vem fazendo para cumprir seu compromisso firmado em dezembro de 2001, no 10º Congresso do PCdoB. Ele assumia, então, a presidência do Partido, no lugar de João Amazonas. Tinha pela frente o desafio de suceder uma das mais destacadas lideranças dos comunistas brasileiros. Disse, ao lado do histórico dirigente e diante do coletivo militante que o respaldava: “Tentarei dar desenvolvimento ao pensamento político de nosso Partido na nova situação e reunir as inteligências e os meios necessários para enfrentar os novos desafios que nos apresentam. Manteremos a linha revolucionária e flexível que nos possibilitará conquistas ainda maiores”.
Trajetória
Renato Rabelo nasceu em 1942 em Ubaíra, interior da Bahia. A militância no movimento estudantil começou na Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia, fazendo parte da Juventude Universitária Católica (JUC), e depois da Ação Popular (AP).
Em 1965, foi eleito presidente da UEB (União dos Estudantes da Bahia). Com o endurecimento do governo militar na Bahia, Rabelo entra num período de semi-clandestinidade e vai para São Paulo. Mais tarde foi eleito vice-presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes). Após o término de sua gestão na UNE, assume papel de destaque na direção nacional na Ação Popular, indo estudar na China por seis meses, em plena Revolução Cultural. No retorno ao Brasil, participa da luta política da AP em Goiás. Graças a esta política de vinculação ao povo, consegue resistir à perseguição da ditadura.
Com a incorporação da AP ao PCdoB, Rabelo ingressa no partido compondo o Comitê Central da organização, de onde contribui para criar bases de retaguarda para a Guerrilha do Araguaia.
Em 1976, passa a viver exilado em Paris. No final de 1979, retorna ao país com a Anistia, e participa da preparação do 6º Congresso do PCdoB, um congresso semi-clandestino, pois o partido só conquista sua legalidade em 1985. Passa a integrar o secretariado do PCdoB, fazendo parte da Executiva Nacional. Foi eleito duas vezes vice-presidente nacional do partido, responsável pela juventude, depois pela organização partidária. Em 2001 é eleito presidente nacional do PCdoB. Participou das coordenações das cinco campanhas de Lula, desde 1989. No segundo mandato de Lula passa a integrar o Conselho Político do Governo da República




08:28

Saravá PCdoB !

Postado por Marcio Sanches |


Milton Alves*

O 12º Congresso Nacional do Partido Comunista do Brasil – PCdoB encerrado há pouco mais de uma semana, em São Paulo, concluiu um amplo e profundo processo de elaboração coletiva sobre o rumo estratégico do partido, consolidado na aprovação do novo programa socialista. Também definiu com argúcia um caminho tático, sintetizado na plataforma de um novo projeto nacional de desenvolvimento, fórmula possível e realista de combinar os objetivos estratégicos com as diversas etapas das lutas políticas e sociais em curso no Brasil.

É necessário registrar que nas diversas fases congressuais foram mobilizados mais de cem mil militantes e que envolveu outros segmentos políticos e intelectuais de fora do partido nos debates. Um feito considerável, que reforça a identidade partidária e a vocação de uma militância inserida na disputa de rumos que ocorre no país.

O mais importante de todo esse rico e fecundo processo, no entanto, foi o encontro do pensamento do partido, baseado no marxismo, com o pensamento mais avançado produzido no país. Trata-se de um esforço teórico e político para construir uma via nacional, autenticamente brasileira, para o socialismo. Talvez esse foi o sentido mais profundo do 12º congresso do partido. Ao buscarmos referências nos estudos e analises da realidade brasileira elaborados por pensadores da envergadura de um Celso Furtado, Caio Prado Jr, Darci Ribeiro, entre outros, moldamos um pensamento genuinamente nacional e ancoramos o mesmo numa estratégia marxista para alcançarmos um novo salto civilizatório, condição indispensável para a transição rumo ao Brasil emancipado e socialista.

Além disso, o novo programa socialista faz um vigoroso recorte do itinerário das lutas do povo e da nação brasileira, deitando por terra um certo tipo de pensamento esquemático proveniente de certos setores da academia, onde tudo na história do Brasil foi resultado de acordos, acertos e arranjos “por cima” das elites, sem a presença do protagonismo do povo brasileiro ou na maioria dos casos participando “na condição de massa de manobra” ou expectador passivo, reduzindo a epopéia original da construção da jovem nação brasileira, que enfrentou um longo e penoso percurso para afirmar seu destino de país independente, num território continental e com uma população de língua única, mestiça e generosa, qualidades que segundo ensinava o mestre Darci Ribeiro transformava a civilização brasileira numa espécie de “uma nova Roma Tropical”.


Portanto, com base no novo programa abrimos poderosas janelas de interlocução com o que de melhor reuniu e produziu a inteligência brasileira, o que nos capacita para a “longa marcha” pela emancipação nacional e social do Brasil e da nossa gente.

Com otimismo renovado e vigor militante vamos levar a mensagem emancipadora e libertária do novo programa dos comunistas brasileiros ao Brasil profundo.

Um grande saravá aos comunistas de todo país! Saravá PCdoB!!!

*Presidente do PCdoB-PR e membro do Comitê Central

10:27

O rumo é socialista

Postado por Marcio Sanches |




Luiz Manfredini *



O 12° Congresso do PCdoB, realizado no início do mês em São Paulo, foi o estuário de uma construção coletiva sobre os caminhos da revolução brasileira, a rota a percorrer daqui até o início da construção socialista.




Esta foi, digamos, a novidade oferecida pelo congresso. Até então, as elaborações a respeito ainda eram tímidas, genéricas demais, embora o PCdoB, desde 1995, tenha apresentado à Nação um programa socialista e trabalhado fortemente em sua aplicação às circunstâncias brasileiras.




Mas, a meu ver, o essencial do congresso foi a reafirmação do rumo socialista. Isso não é pouco no mundo atual e o PCdoB o fez, lúcido e categórico. Os caminhos a percorrer decorrem desse rumo, bússola a evitar descaminhos e hesitações.




Tratei desse assunto em minha modesta e breve intervenção no congresso, preocupado com o que me parece o essencial em nossa caminhada: a luz da estratégia iluminando a tática para que não nos percamos nas armadilhas da luta de classes.Por querer compartilhar tais idéias com mais pessoas que os 1.076 delegados ao congresso, resolvi ocupar o espaço de hoje da coluna com a íntegra da intervenção, que segue abaixo.




“Camaradas!




Há, entre este congresso e o 8°, de 1992, visíveis semelhanças pelas dimensões estratégicas que encerram.




No 8°, o partido foi tangido a refletir criticamente sobre a derrota do socialismo no Leste europeu. E o fez não só com coragem, mas também com tirocínio e profundidade. Promoveu ajustes teóricos importantes. Negou paradigmas anteriormente estabelecidos, a começar pela idéia de modelo único de socialismo.




Sem modelos, criamos para nós outro desafio: dar conta das singularidades da revolução em nosso País, construir uma alternativa de socialismo com feição brasileira. Este é,m fundamentalmente, o desafio contemporâneo enfrentado pelo 12° Congresso.




O VIII congresso enfrentou a crise do socialismo com lucidez teórica, maturidade política e firmeza ideológica, reafirmando o projeto socialista, consciente dos erros e deficiências das experiências inaugurais. E o fez sem mudar de nome, cor e símbolos, como insinuavam alguns.




O informe do camarada Renato Rabelo alentadoramente nos indica que o Partido enfrentará os desafios da luta pelo socialismo no Brasil consciente dos ricos de uma caminhada singular, mas também – e sobretudo – de suas potencialidades revolucionárias. E disposto a fazê-lo como partido comunista, marxista-leninista, revolucionário, formulador e implementador de um programa político ajustado ao objetivo estrutural e estratégico da classe operária e dos trabalhadores do Brasil, ou seja, o socialismo científico com fisionomia brasileira.




Este é, a meu ver, um aspecto fundamental – e determinante – dos nossos debates. O restante são derivações. Importantes, mas derivações. Um aspecto reforçado pela enfática reafirmação da nossa identidade presente no informe do Renato.




E é com essa inteireza política e teórico-ideológica que, no contesto do XII Congresso, reafirmamos o rumo socialista e o caminho. A equação é essa: rumo, caminho e instrumento. Nessa ordem. Porque é o rumo que faz o caminho; caminho sem rumo é descaminho. E rumo e caminho sem o instrumento de sua concretização são palavras ocas soltas ao vento.




Assim, não nos perderemos no lusco-fusco das sombras e luzes (mais sombras que luzes) que marcam – nas proféticas palavras de João Amazonas – os primeiros tempos do século presente.




Este é, camaradas, o mais legítimo e enfático tributo que poderemos prestar ao homenageado do nosso 12° Congresso: o grande e inimitável povo brasileiro”. ,




* Jornalista e escritor paranaense, autor de "As moças de Minas" e "Memória de Neblina" e membro da direção Estadual do PCdoB-PR


04:40

PCdoB na CartaCapital

Postado por Marcio Sanches |


CartaCapital destaca inserção do PCdoB na juventude


A revista CartaCapital desta semana traz matéria destacando a força do PCdoB na juventude e o 12º Congresso do partido. Assinada por Gilberto Nascimento, a matéria mostra a inserção dos comunistas entre os operadores de telemarketing e sua amplitude em diversos segmentos, do hiphop à vida institucional. Acompanhe a íntegra da matéria.


Os jovens vão 'estar tomando' o poder
13/11/2009 15:26:34
Gilberto Nascimento


Conhecidos pelo uso do gerúndio e pelo bordão “vamos estar solucionando”, os operadores de telemarketing são considerados os metalúrgicos dos dias atuais. A função surgiu como fruto das novas relações de trabalho e do avanço tecnológico, mas carrega problemas parecidos aos das antigas linhas de produção industriais.


Os operadores de telemarketing somam 1,075 milhão de profissionais hoje no País. A maioria é jovem no primeiro emprego, com idades entre 18 e 29 anos. É a categoria que mais cresceu no Brasil: 10% ao ano em uma década. Setenta por cento são mulheres.


Esses jovens significam hoje para o PCdoB quase a mesma coisa que os operários do ABC representaram para o PT. Sindicatos da categoria, como os de São Paulo e Belo Horizonte, são ligados à União da Juventude Socialista (UJS), o braço jovem do PCdoB. Durante o 12º. Congresso do partido, realizado entre os dias 5 e 8 no Anhembi, em São Paulo, a atividade e a mobilização dessa categoria foi ressaltada pelos dirigentes comunistas.


Os jovens líderes sindicais da área de telemarketing, alguns com pouco mais de 20 anos, se organizam de forma diferenciada. Para atingir o público, realizam assembléias durante festas fechadas em casas noturnas, com DJs e outros atrativos. Num determinado momento, a música para, começam os discursos e as informações importantes são transmitidas. A tecnologia é utilizada na comunicação com a base.


“Nossa forma de organização se dá com o uso da linguagem do jovem. Se fizéssemos só a assembléia não reuniríamos mais de 100 pessoas”, admite Marco Aurélio de Oliveira, 33 anos, há um presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Telemarketing de São Paulo (Sintratel) e há oito integrante dos quadros do PCdoB.


A construção de um modelo de comunismo com feição brasileira, a eleição do novo comitê central do partido e a necessidade de arregimentar militantes na juventude foram alguns dos principais temas do congresso do PCdoB. O encontro reuniu 1.100 delegados, 100 delegações estrangeiras de partidos comunistas de todo o mundo e políticos como o presidente Lula, a presidenciável Dilma Roussef, o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB) e o ministro da Justiça, Tarso Genro.


Aos 87 anos, o PCdoB reafirmou sua posição de parceiro do governo Lula e apoiador de primeira hora da candidatura de Dilma. Agora, se prepara para tentar dobrar suas bancadas na Câmara Federal e no Senado e pretende disputar a eleição para governador, com chances, no estado do Maranhão, com o deputado e ex-juiz Flávio Dino.


O partido conta hoje com 240 mil filiados. Aumentou em 50% o número de seguidores de seu congresso anterior, em 2005, para cá. Tem um ministro no governo Lula (Orlando Silva, dos Esportes), um senador (Inácio Arruda, do Ceará), 12 deputados federais, 13 estaduais, 406 prefeitos e 607 vereadores pelo Brasil. Dirige ainda um importante órgão no governo, a Agência Nacional do Petróleo (ANP), a cargo do ex-deputado Haroldo Lima.


A preocupação em ganhar adeptos na juventude é estratégica. O PT, segundo pesquisas, é o partido preferido entre os jovens brasileiros. Mas o PCdoB se notabiliza pela formação de quadros aguerridos e disciplinados no movimentos estudantil. Somente a UJS reúne 100 mil filiados, organizados em núcleos em 800 municípios brasileiros.


Quatro quadros da linha de frente do PCdoB foram formados na Juventude Socialista: o ministro Silva (no do partido com maior visibilidade na mídia depois que o Brasil realizou os Jogos Panamericanos no Rio e conseguiu o direito de promover a Copa do Mundo, em 2014, e os Jogos Olímpicos, em 2016); o deputado Aldo Rebelo (fundador e primeiro dirigente da entidade, que chegou até a ser presidente da República por dois dias); a deputada gaúcha Manuela D’Ávila, eleita aos 26 anos com 271 mil votos – hoje considerada a musa do Congresso -; e Manoel Rangel, presidente da Agência Nacional de Cinema (Ancine).


A UJS comanda a União Nacional dos Estudantes (UNE) há quase 20 anos. Há 30, a principal entidade dos estudantes brasileiros só não esteve sob a influência direta do PCdoB em três gestões, entre 1987 e 1991. A Juventude Socialista é também hegemônica na União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES).


A maioria dos centros acadêmicos (CAs) e grêmios estudantis do País é ligada ao partido, garante sua direção. De um total de 3.000 CAs que participaram em janeiro do Conselho Nacional de Entidades de Base (Coneb), em Salvador, 2.100 foram mobilizados pela UJS. No último congresso da UNE, em julho, o PCdoB contabilizou 50% dos delegados. “Mesmo com todos os ataques feitos aos comunistas pelos setores conservadores, não há um partido com maior influência na juventude que o PCdoB”, garante o baiano Marcelo Gavião, 29 anos, estudante de Ciências Sociais da PUC-SP e presidente da UJS.


Outro alvo é o hip hop. O Face da Morte, um dos grupos de rap com maior volume de shows pelo Brasil, tem estreitas ligações com o PCdoB. O grupo tem clips na MTV, oito discos gravados e faixas incluídas em coletâneas de sucesso. O vocalista e líder do Face da Morte, Aliado G, 35 anos, é ex-dirigente da UJS e presidente da Nação Hip Hop Brasil, organização que reúne mil grupos de rap brasileiros e desenvolve oficinas culturais para ressocializar jovens infratores na região da Grande Porto Alegre. Em Suzano, na Grande São Paulo, trabalho semelhante é feito em escolas.


Aliado G foi o primeiro rapper candidato a deputado no mundo segundo reportagem do jornal New York Times. Ele concorreu à Assembléia Legislativa paulista em 2006, teve 20 mil votos, mas não foi eleito. Dois anos depois, foi o primeiro rapper a se candidatar a prefeito, em sua cidade, Hortolândia (SP), na região de Campinas. Ficou em terceiro lugar.


O partido se fortalece ainda em outras áreas. O seu braço no movimento sindical é a Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB), comandada pelo presidente do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, Wagner Gomes. A central reúne 400 sindicatos e representa 7 milhões de trabalhadores.


Fidelis Baniwa, 35 anos, da etnia Baniwa, na região do Alto Rio Negro, no Amazonas, é outra liderança emergente. Integrante da Coordenação das Nações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), Fidelis é ainda ator profissional. Trabalhou na mini-série Mad Maria, da TV Globo, e nos programas eleitorais de Lula, em 2006. Agora, vive no cinema o papel do índio pataxó Galdino Jesus dos Santos, assassinado em 1997, no filme A Noite por Testemunha, de Bruno Torres, a ser lançado na próxima semana no Festival de Brasília. Fidelis deve ser candidato a prefeito pelo PCdoB na cidade de Santa Isabel do Rio Negro (AM). “O comunismo tem tudo a ver com o dia-a-dia em nossas aldeias. Quando alguém traz uma caça, todos são convidados a sentar juntos à mesa”, afirma.


O PCdoB quer desmistificar a imagem de dinossauro imposta por segmentos conservadores. “As idéias neoliberais colocadas em prática a partir dos anos 80 redundaram na maior crise econômica mundial desde 1929. Na origem está a cartilha neoliberal: as privatizações e o estado mínimo. Diante desse fracasso, quem são os dinossauros?”, questiona a deputada Manuela D’Avila.


Os comunistas também rejeitam a fama de ranzinzas. “Não é preciso ser chato para ser comunista”, retruca o baiano Orlando Silva, ministro com nome de cantor de serestas e animador de rodas de samba nos finais de semana, ao lado de artistas e políticos convidados, em sua casa na Vila Mariana, zona sul de São Paulo. “O que o comunista precisa é ter convicção e perspectiva política. É se doar à luta política e batalhar pelo futuro. Num país como o Brasil isso só pode ser feito com alegria”, afirma Silva, enquanto dá autógrafos e posa para fotos ao lado de militantes. “Quando alguém estranha minha opção e pergunta se sou mesmo comunista, eu respondo: sou comunista, graças a Deus”. Silva acredita em Deus. E diz que a maioria absoluta do partido também.


Os líderes do PCdoB afirmam ter sido um erro, no passado, a busca pela tentativa de reedição de experiências comunistas em outros países. “Não dá para dizer que o exemplo da China não é vitorioso. O regime conseguiu unir o povo chinês, garantir direitos ao povo e fazer o país sair da miséria para a modernização. Mas nós não vamos copiar modelo de ninguém. No passado, mirávamos em experiências que tinham dado certo. Agora, vamos construir uma democracia do nosso jeito. A ditadura do proletariado era uma coisa que dizia respeito á União Soviética, naquela época”, argumenta o deputado Aldo Rebelo.


Reconduzido à presidência do partido durante o congresso, Renato Rabelo, 67 anos, contador e técnico agrícola, explica: “O partido é produto de um tempo determinado e localizado. Não é modelo que vale para qualquer situação. É expressão da luta transformadora de um tempo histórico. Por isso, ele muda”. Para o dirigente, o socialismo é muito jovem para ser considerado um fracasso. “Ele está dando os primeiros passos. É a proposta de um novo sistema. E a crise do capitalismo é real. A história vai dizer quem está com a razão”, garante. “O socialismo brasileiro ainda pretendemos construir. Seria especulação dizer se vai ser assim ou assado”.

Fonte: Portal Vermelho e CartaCapital

04:28

Renato Rabelo: PCdoB está mais forte e armado para luta política

Postado por Marcio Sanches |


Logo após o 12º Congresso, o presidente Renato Rabelo falou ao Vermelho sobre a presença de Lula e de Dilma ao evento; das eleições de 2010 e principalmente da vida partidária. Reafirmando ser este seu último mandato à frente da legenda, disse que o partido está “mais forte e armado para a luta política” e que o PCdoB "não é um partido qualquer" no cenário político nacional.


Que significado tem o ato político realizado dia 6, durante o 12º Congresso?
De maneira geral, o 12º Congresso revelou que o partido tem influência, cresceu em sua autoridade política e hoje é muito respeitado entre as forças políticas brasileiras. O ato político representa isso. Nele, estava presente além do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva – que é hoje uma grande liderança dentro e fora do país – a ministra Dilma Rousseff, que possivelmente será a candidata do campo liderado pelo presidente, ministros e figuras representativas que compõem a base do governo. O pronunciamento indica que de fato o PCdoB tem contribuído muito para a construção do governo Lula e de um novo rumo para o país. O PCdoB, portanto, não é um partido qualquer.

O fato de Dilma ter sido aclamada durante o ato já indica o apoio do partido e da militância à sua candidatura?
Uma candidatura se constrói ao longo do tempo. Agora, por ser indicada por Lula, é natural que tenha a simpatia do PCdoB exatamente pela relação de confiança e amizade que o partido tem com o presidente. É uma questão que vamos avaliar para definir qual será a posição definitiva do partido com relação à candidatura de Dilma. E quem vai fazer isso é a Convenção Nacional do PCdoB, órgão estatutariamente incumbido de aprovar e formalizar nossa posição. O que temos hoje é abertura para uma candidata indicada pelo presidente da República. Mas, para além desta questão, é preciso salientar que a Dilma é uma mulher de ideias avançadas, tem uma trajetória política muito respeitada, combateu a ditadura militar, foi presa, fez parte de organizações que lutaram na resistência e hoje é uma pessoa preparada para continuar o programa iniciado por Lula e mesmo chegar a um nível mais avançado. Ela tem compromissos com ideias democráticas que levam em conta o avanço nacional e social do país. Portanto, é uma candidata que tende a ter apoio das forças avançadas.

Neste sentido, que partido sai deste 12º Congresso?
Este congresso mostra que o partido está mais armado politicamente e tem mais nitidez de rumo. Agora, temos um desfio político enorme pela frente: a batalha eleitoral de 2010. O próprio Programa Socialista coloca que as eleições são muito importantes para se que dê curso ao novo projeto nacional de desenvolvimento (NPDN). Se o ciclo aberto pela eleição de Lula for truncado, significa que o NPND também será barrado uma vez que as circunstâncias políticas serão outras. Ou seja, apesar de mantermos nosso rumo, o caminho poderia mudar muito. Uma derrota do campo do governo Lula teria impacto negativo até mesmo para a América Latina, que hoje trabalha pela integração e contra o imperialismo. Afinal, para as forças de oposição, estamos nos submetendo aos países mais pobres e o que eles querem é que nos submetamos aos EUA e à Europa. Na verdade, temos é de ajudar os países mais pobres porque esta é uma forma de desenvolver o continente e isso vai ajudar direta e indiretamente o Brasil, que é o mais desenvolvido. A visão de submissão, portanto, é a deles e não a nossa. O movimento social é outro divisor de águas entre estes dois campos. Por que FHC diz que vivemos um “autoritarismo popular”? Porque no fundo eles têm medo do movimento social e popular; a elite dominante se pela de medo do povo, das ruas. A volta dessa gente seria um grande retrocesso político e democrático.

Do ponto de vista da vida interna do partido, que avaliação faz do 12º Congresso?
O congresso é o coroamento de todo um processo que se desenvolveu no partido e que reflete o debate feito com seus membros. Houve muita receptividade com relação aos documentos propostos e o debate se concentrou principalmente em torno do Programa Socialista, o que já era esperado. Além do coletivo partidário, a própria comissão responsável pela redação final do Programa continuou fazendo um trabalho de aperfeiçoamento da proposta original, de inserção de emendas e de mudanças até mesmo na sua estrutura para que o Programa ficasse mais curto, conciso e de mais fácil entendimento do que o anterior. O Programa Socialista aprovado procura responder às questões candentes hoje e participar de um debate atual em torno do projeto de desenvolvimento para o país. Antes, o documento ficava desvinculado do debate em andamento ou das exigências que se punham para o curso político. Este, ao contrário, entra no curso político e no debate de um novo projeto nacional de desenvolvimento, além de fixar um rumo (o socialismo). Temos dito que o rumo dá ao Programa maior nitidez e o situa no contexto da evolução histórica do Brasil. Já alcançamos determinado patamar a partir dos dois ciclos civilizatórios. Precisamos agora dar o terceiro salto. Com a aprovação deste documento, o partido passa a ficar mais forte e armado para a luta política.

Outro documento importante é a Política de Quadros...
Sim. Este é o segundo documento mais debatido. Os dois documentos, juntamente com nosso Estatuto – que também sofreu mudanças – completam, no terreno organizativo ou dentro da concepção de partido para a realidade atual, a visão de construção partidária. O Programa Socialista e a Política de Quadros – que servirá para dar bases à aplicação deste programa – traduzem o espírito do PCdoB nas condições presentes: um partido preparado para os desafios atuais, moderno e que, ao mesmo tempo, mantém seus princípios e sua visão revolucionária. O PCdoB se tornou contemporâneo, aproximando-se mais do nosso povo, das camadas mais avançadas, dos trabalhadores etc. O desafio do PCdoB é se atualizar permanentemente. E o partido é um corpo vivo, aliás, muito vivo. Sem essa vivacidade, o partido deixaria de cumprir seu papel, ficando de fora do curso político.

A indicação de fortalecer mais a Comissão Política e dar uma nova configuração ao secretariado foi outro traço marcante das discussões...
O esforço que o partido vem fazendo – e pessoalmente venho tentando me concentrar nesta questão – é que a Comissão Política seja efetivamente o centro de gravidade da elaboração e da condução política do partido porque o Comitê Central, em última instância, é que aprova as posições mais importantes. Mas estas posições requerem amadurecimento e elaboração no âmbito da Comissão Política. O CC se reúne, conforme o estatuto, de quatro em quatro meses, então não tem condições de fazer esse trabalho permanente de elaboração e condução política que cabe à CPN, composta por ¼ do CC. O secretariado, por sua vez, acabava fazendo o trabalho da CPN, reduzindo a participação de pessoas que poderiam contribuir no âmbito do CC. A elaboração política ficava centralizada e, ao mesmo tempo, o secretariado não exercia, de forma nítida, o papel precípuo dele que é a coordenação da execução política. Não é o secretariado que elabora, nem que conduz politicamente o partido. Seu papel é fazer o controle e a execução das tarefas políticas. Por isso é um organismo permanente que se reúne semanalmente e não pode ser muito grande. Chegamos a ter dez pessoas no secretariado anterior. A CPN já foi eleita pelo CC e reflete o critério de ser expressão política do partido. Quanto ao secretariado, a questão ainda não foi resolvida. A proposta é que fiquem no secretariado apenas as sete secretarias que, na atividade permanente do partido, tenham uma exigência mais constante.

Após a primeira reunião do Comitê Central eleito na plenária final, foi anunciado que este seria seu último mandato à frente do partido. Qual a razão desta decisão?
O PCdoB leva em conta hoje alguns critérios que são importantes para que possamos ter uma construção partidária viva e permanente. Apesar de não existirem ainda normas que estabeleçam o limite dos mandatos no partido, temos de levar em conta critérios que implicam em renovação e alternância. E se isso vale para as direções, deve valer também para a presidência. A segunda questão é que este já é o meu terceiro mandato e no final dele, terei completado 12 anos à frente do partido. Em minha opinião, três mandatos formam um período de função presidencial consentâneo com nossa concepção de construção partidária. Por mais que eu possa ajudar o partido, ir além poderia impedir maior renovação da direção. Afinal, o PCdoB vai passando por uma fase de transições e mudanças. Por que só o presidente deve se achar no direito de ficar mais tempo? Esse movimento é saudável. Além disso, penso que outras pessoas podem se incumbir melhor da presidência porque são mais jovens e mais voltadas para o seu tempo do que eu, que sou de outra geração. A alternância e a renovação não são por acaso, mas para que o partido fique sempre à altura do seu tempo, para que seja sempre um partido vivo e atuante. Mas, como disse ao Comitê Central, discutir a sucessão demanda tempo porque o compromisso do presidente deve ser com a unidade e a coesão do partido. Então, a transição não pode ser abrupta. E solicitei ao CC – que escolhe a presidência – a prerrogativa de, quando achasse necessário, introduzir essa questão para buscar uma alternativa sucessória condizente com as exigências do partido naquele momento.

Ao final desses 12 anos, qual você espera ser sua marca na presidência do partido?
Busco um partido revolucionário e moderno, ou seja, um partido que não abandone seus princípios revolucionários – se não desnaturaria seu caráter – mas que, ao mesmo tempo, seja sempre um partido jovem. Este é meu esforço. O PCdoB tem hoje um método de trabalho aberto, tem liberdade de opinião. Demos um salto neste sentido. Não existe militante comunista que possa dizer que teve sua ideia cerceada, inclusive com relação a questões que podem ser consideradas contraditórias ou polêmicas. Evidentemente que a liberdade de opinião no partido também deve ser condizente com seus princípios porque a partir do momento em que uma posição é tomada pelo partido, todos devem segui-la uma vez que o partido tem como princípio o centralismo democrático. Agora, o aspecto democrático deve ser amplo, aberto e cada vez mais ativo. Não pode ser uma mera propaganda. A democracia precisa se exercitar porque o nosso objetivo não é a democracia pela democracia, mas sim a construção de um processo de decisões em que haja uma inteligência coletiva e não a inteligência de dois ou três dirigentes. Nenhuma ideia justa chega a nós sem que haja liberdade de opinião. Este é o desafio e me empenho muito para garantir sempre liberdade, democracia e participação.

Da redação,
Priscila Lobregatte
Foto: Rafael Neddermeyer


04:20

12º Congresso do PCdoB

Postado por Marcio Sanches |

Ao fim do 12º Congresso, PCdoB reelege Renato Rabelo presidente e escolhe Luciana vice

No processo final do 12º Congresso do PCdoB, o Comitê Central (CC) do partido, recém-eleito em votação secreta e eletrônica, fez uma breve reunião para reeleger Renato Rabelo presidente do partido, eleger Luciana Santos vice-presidente, além dos 26 nomes da Comissão Política. Renato indicou que este será seu último mandato na presidência.
Renato Rabelo anunciou que aceitava mais um mandato, o terceiro como presidente do PCdoB. Mas pediu a permissão do CC para proceder, no momento oportuno, os preparativos para a escolha de um companheiro que assuma o cargo no próximo Congresso, em 2013.
Fez também a proposta de Luciana Santos para vice-presidente do partido. A secretária de Ciência e Tecnologia de Pernambuco e ex-prefeita de Olinda foi anunciada por Renato como "futura deputada federal e uma das mais votadas no estado". O nome foi recebido com aplausos pelos 105 membros do CC recém-eleito.
Renato apresentou ainda os 26 nomes propostos para a Comissão Política. Quanto ao Secretariado, ficou de ser composto mais tarde, em uma reunião da Comissão Política, dia 11, e outra do Comitê Central. A indicação é de um Secretariado de sete membros, visando reforçar cada vez mais o papel da Comissão na condução política do partido.
A Comissão Política foi eleita em votação secreta pelos membros do CC. Sua composição é:
Renato Rabelo
Adalberto Monteiro
Adalberto Frasson
Aldo Rebelo
Altamiro Borges
Ana Rocha
Daniel Almeida
Flávio Dino
Haroldo Lima
Inácio Arruda
Jô Moraes
João Batista Lemos
José Reinaldo
Júlio Vellozo
Liége Rocha
Luciana Santos
Nádia Campeão
Orlando Silva
Carlos Augusto Patinhas
Ricardo Abreu
Renildo Calheiros
Vanessa Grazziotin
Vital Nolasco
Wagner Gomes
Walter Sorrentino

Fonte: Portal Vermelho

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