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Protógenes em Londrina

Postado por Marcio Sanches |

“A saída é a participação política”, ensina Protógenes Queiroz em Londrina

“O Brasil precisa de ação. A saída é a participação política. O papel de fiscalizar e exigir dos administradores. Daí pão a quem tem fome. Não dá mais para esperar tem que participar”. A receita é do delegado da Policia Federal, Protógenes Queiroz, o cavaleiro da esperança deste início de século 21. A esperança de livrar o país da corrupção, que assola o território desde que os portugueses aqui chegaram.

Por onde passa, Protógenes arrasta multidões. E em Londrina, cidade do norte do Paraná, não foi diferente. Cerca de mil pessoas, entre alunos, pais e mães, foram ao Teatro do Marista na promoção do Portinari Multi Cultural ver durante duas horas o que o delegado que preencheu a sua vida em prender corruptos e recuperar recursos aos cofres públicos, numa estimativa de R$ 10 bilhões de dólares. O delegado que ficou famoso pelas prisões inéditas de políticos e banqueiros influentes da República.

“A palestra de combate à corrupção é uma prestação de contas que este servidor público traz para você”, iniciou. Ele lembrou da menina de sete anos, que enviou uma carta com a bandeira do Brasil e com a seguinte frase: ‘Protógenes não desista’. “Esta caminhada que comecei no ano passado tem o compromisso de levar o que esta criança quer para o país.”

O delegado falou de filosofia. “A corrupção vem de um processo longo. Não pode haver sobreposição ou desequilíbrio entre o interesse público e o privado. A distância entre estes dois conceitos dá margem para a corrupção e atos lesivos ao estado brasileiro”, afirmou.

Ele falou da história da corrupção. Os alunos, a sua grande maioria menores de 18 anos, entenderam porque desde 1.600 o país é saqueado. “A falta de punição. O clima de impunidade principalmente para os poderosos. Isto geral um descontrole total no país”, garantiu.

Protógenes Queiroz deixou como lição para acabar com a corrupção a indignação com responsabilidade. “O Brasil tem pressa. Sair do plano da indignação pública para agir”, diz. Ele contou a história do povo da cidade de Garanhuns, onde o presidente Lula nasceu, que se organizou para cobrar uma ponte que já deveria ter sido construída na cidade e simplesmente os recursos sumiram, virou manifestação na Câmara de Vereadores, depois uma CPI e por fim a cassação do prefeito. “Este tipo de ação dá resultado. A via é política”, ensina.

Quem sai da palestra do delegado Protógenes sabe que é hora de agir, organizadamente. Cada um fazendo a sua parte, com responsabilidade e compromisso com a coisa pública. Assim as coisas vão melhorar.

Visita ao prefeito Barbosa Neto


Prefeito Barbosa Neto, prof. Cezar Bueno e Protógenes Queiroz


Além da palestra, em sua estada em Londrina, Protógenes Queiroz fez uma visita ao jovem prefeito de Londrina, Barbosa Neto, que elogiou o trabalho realizado pelo delegado no combate a corrupção. “São pessoas como você que precisamos para mostrar que o Brasil vai dar certo. O Protógenes é um herói no país de anti-heróis”, disse.

O delegado ressaltou a transparência com que o prefeito trata a administração pública. “Pela primeira vez vi um prefeito anunciando uma viagem internacional para buscar investimentos, detalhando quanto será o valor gasto, quantos dias ficará fora. Coisa rara nesta República brasileira”, opinou. “As prefeituras tem que ter mais transparência. Tratar a coisa pública como público”, completou.

Notificações



O delegado Protógenes Queiroz ao chegar a Londrina, no hotel onde se hospedou, foi recepcionado por um agente da Polícia Federal, que trazia duas notificações de procedimentos disciplinares: uma referente ao desarquivamento de um processo de 2003, que diz respeito à prisão do deputado federal Paulo Maluf (PP/SP) e outro que tem a ver com o seu blog, que é produzido por jornalistas. Nesse procedimento, a PF alega que texto colocado no blog “afronta a imagem” da instituição. Com esses já chegam a nove os procedimentos abertos ou reabertos contra o delegado, desde o fatídico mês de julho do ano passado, quando foi deflagrada a Operação Satiagraha.

De Londrina, José Otávio

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